O mestre que viveu há dois mil anos atrás dava liberdade e poder aos discípulos para atingir “resultados”; líderes atuais devem fazer o mesmo.
Esse texto não é pra falar do Cristo espiritual. Esse blog é para abordar a comunicação em suas mais variadas formas, resgatar exemplos de gestão, se inspirar em técnicas de liderança, revelar ideias e técnicas aparentemente escondidas de outras profissões, que possam ser útil para o propósito do blog. E, nada mais apropriado quando for falar de gestão e liderança, ao recordar do homem que viveu há dois mil anos atrás, que uns acreditam apenas na sua essência humana, outros atribuem a ele um caráter espiritual, outros creem nos dois aspectos e outros não creem em nenhum.
Independente da fé da pessoa, se é cristã ou não, é de se avaliar que as ideias de Jesus atingiram em cheio a humanidade, se cristalizaram em culturas distintas e “fidelizaram” famílias de geração em geração. Dessa forma, é de se refletir sobre como ele “trabalhou”, de que forma atingiu os corações e mentes para que as pessoas ignorassem muita coisa para servi-lo, mudando comportamentos arraigados e estilos de vida totalmente contrários ao por ele pregado.
“Independente da fé da pessoa, se é cristã ou não, é de se avaliar que as ideias de Jesus atingiram em cheio a humanidade, se cristalizaram em culturas distintas e “fidelizaram” famílias de geração em geração.”
Hoje vou tratar apenas do empowerment. A definição desse conceito é uma estratégia de gestão que visa delegar poder aos funcionários, concedendo a eles autonomia para tomar decisão. É uma forma de promover a participação dos colaboradores, compartilhando informações e transferindo responsabilidade.
Na Bíblia, no livro de São Mateus, no capítulo 10, tem uma passagem em que Jesus chama seus 12 discípulos e dá a eles poder sobre espíritos imundos, para expulsarem o mal. Há um discurso logo após, em que Jesus ainda os orienta que o poder era para limpar leprosos, curar enfermos, expulsar espíritos, entre outros.
Esse trecho é importante para a gestão atual. Não é fácil gerir estrategicamente a companhia através do empowerment. É preciso conhecer bem a especificidade de cada colaborador, analisando-o com base em fatores como: conhecimento da cultura da empresa, pro atividade, capacidade de assumir responsabilidades, espírito de trabalho em equipe, entre outros.
É preciso conhecer bem a especificidade de cada colaborador, analisando-o com base em fatores como: conhecimento da cultura da empresa, pro atividade, capacidade de assumir responsabilidades, espírito de trabalho em equipe, etc.
Para implementar esse tipo de gestão é necessário definir claramente as tarefas de cada um, colocando limites para que não haja um caos dentro da empresa, uma rivalidade de egos. Também há a necessidade da redefinição dos papéis dentro da companhia, e, mais que repassar tarefas, é primordial criar um ambiente que encoraje os colaboradores. É fácil fazer um discurso sobre o empowerment. Difícil é criar um contexto específico para que esse projeto se desenvolva de maneira sustentável.
Outrossim, no começo pode haver processos desafinados, falta de alinhamento com a cultura da companhia. Dessa forma, é necessária muita paciência para que cada funcionário largue as rodinhas e comece a caminhar por conta própria. É preciso dar tempo ao tempo. Quando há uma mudança dessas, se o colaborador nunca teve uma responsabilidade maior anteriormente, é normal certo grau de insegurança. Com isso, a demonstração de confiança precisa ser total, com feedbacks constantes a fim de melhorar o desempenho do grupo.
Os ganhos dessa estratégia são nítidos, tanto no desempenho superior dos colaboradores, como na melhora dos resultados e na diminuição da burocracia. Ainda há um pé atrás de alguns gestores porque eles ficam receosos de perderem o poder já conferido a eles. Porém, esse é um erro, já que esse projeto tende a fortalecer a cultura organizacional da empresa.
Com mais poder e responsabilidade, colaboradores tendem a se sentir mais confiantes e realizados, e, com isso, podem contribuir para reduzir o turnover da companhia. Outro dia falarei do turnover.
Voltando à referência de líder desse artigo, quando Jesus enviou os discípulos para a missão, não pediu que eles voltassem se tivesse dúvidas; não os limitou no poder; ele os encorajou. Ele quis que os discípulos atingissem resultados, vessem os milagres, para que, quando fossem disseminar os princípios espirituais ali pregados, pudessem ter propriedade para falar, porque já tinham experimentado aquilo. Empowerment é isso: é fazer com que os colaboradores experimentem novos papéis dentro da empresa, para que se sintam confiantes e tragam resultados duradouros. Os discípulos ajudaram Jesus a trazer resultados para o “projeto” de Jesus. Sem eles nada teria acontecido. Dentro de uma empresa não há disparidade: sem os colaboradores, nada acontece.
Autor: Gerson Christianini