Cristiano Ronaldo, Waney Rooney e Neymar. Nessa ordem. A roupa não é a de jogo de nenhum deles. Não é jogo. É a preparação. Não é o espetáculo em si, e sim a véspera. O comercial da Nike atrai quando sai do lugar-comum, mostrando craques fazendo belas jogadas e marcando golaços com a chuteira, a camisa, o calção, da fabricante que fez o anúncio.
A Nike não enfatiza o tecido da sua camisa. Não ressalta os diferenciais de seus produtos. Não há uma voz de fundo narrando o acontecimento. Mostram-se bastidores, o translado até o jogo, o vestiário. Ou seja: mostra o que as pessoas comuns fazem todo o dia. Quem compra o produto Nike, em sua esmagadora maioria, estão como coadjuvantes. Não são astros do futebol, basquete, vôlei. São pessoas comuns, fazendo seus trajetos diários, quem sabe, monótonos. São pessoas cheias de vontade de brilhar, de ser uma estrela, de marcar presença.
E é nessa toada que a Nike acerta, e acerta em cheio. O comercial é um convite. Os passos do Cristiano Ronaldo no começo e no final são uma forma de chamar as pessoas para “entrar em campo”. As próprias imagens deles correndo para o gramado, evidenciam que a Nike não vendeu um produto. Ela trabalhou o sonho, a ambição e o desejo de vencer das pessoas. O texto no final diz: Risk Everything.
Quem vê o comercial da Nike se identifica. É claro que se identifica. Ninguém levanta de manhã, olha no espelho e diz: vai perder. Às vezes deve faltar força, às vezes falta ânimo, mas no íntimo, todo ser humano quer vencer na vida, proporcionar uma vida melhor para si ou para a família. A Nike “quer” que você bote pra quebrar, seja um vencedor, mas é óbvio: com o produto dela. Ela não mostrou perdedores: mostrou vencedores.
O texto do comercial também diz que “Pressure shapes legends”. E mais uma vez ela aproxima a sua marca da vida real das pessoas. Ela quer mostrar ao cidadão comum que estar sob pressão é normal, e, a partir do desafio, incentivar as pessoas a se tornarem importantes, estimulando-as a deixar sua marca no mundo. E não é verdade?
O que temos a aprender com a Nike é que as pessoas, os consumidores, os clientes, muitas vezes não querem saber o fio do tecido do produto que estão comprando, se ele foi feito na África ou na América, nem em qual tipologia é o número da camisa, muito menos qual a mistura que originou a cor daquela chuteira, ou daquele carro, daquele relógio. O que as pessoas precisam também é de inspiração. As pessoas também precisam que alguém acalente os sonhos delas, pois, sabemos, que todo mundo tem um sonho. E a Nike mostrou que, para realizar os seus próprios sonhos, de vender mais, de ter mais lucro, ela precisa convidar e estimular os seus consumidores a viverem os sonhos deles. Gente inspirada compra mais.
Autor: Gerson Christianini