Vendedores podem ser ainda melhores se tiverem como inspiração os tenistas em ação. Para quem joga tênis, ou já teve algum contato, entende perfeitamente a técnica que está por trás desse esporte. A Confederação Brasileira de Tênis diz que há um consenso que a França ditou as bases do jogo, no final do século XII e início do século XIII. No século XIV alguns jogadores já começaram a usar um utensílio de madeira em formato de pá. Até então o jogo era jogado contra o muro. A história diz que as bolas eram feitas de materiais como pelos, lã, tecido ou couro. Depois houve a evolução do esporte, as divisões das quadras, a popularidade entre a nobreza, e, para não nos alongarmos na história do esporte, porque esse não é o objetivo do artigo, ainda vemos traços de um jogo elitizado. Prova disso é que no Brasil a TV aberta dá grande atenção ao futebol, deixando as transmissões de jogos de tênis para os canais de TV a cabo.
O que esse artigo vem falar é a respeito da técnica do tenista. Jogar tênis exige disciplina e técnica, características indispensáveis aos grandes vendedores. De nada adianta um aprendiz de tênis saber como segurar a raquete corretamente e fazer o movimento certo do braço se, na hora de bater na bola, ele for displicente e não ter concentração para fazer o que aprendeu. Com relação aos profissionais de vendas, vejo muitos deles agindo com instinto, confiando apenas em uma boa conversa para fechar a venda. Jogar tênis exige muita técnica. Vender idem.
Pra quem quer jogar tênis, a orientação de um profissional é indispensável. Existem vários modelos de raquete e encordoamento, e com o tempo o jogador vai sentindo a necessidade de adequar o produto certo ao estilo de jogo dele. Existem raquetes que facilitam certos efeitos na bola, e isso também é importante para o tenista. Uma grande lição do jogo de tênis para o homem de vendas é que tudo contribui para o resultado desejado.
Quando a bola pinga na quadra, e o tenista precisa devolver, a conjunção de fatores fará com que o jogador obtenha êxito no jogo. Posicionamento dos pés, empunhadura da raquete, preparação e término do movimento do braço e do corpo, direção do alinhamento dos ombros, enfim, muitas técnicas que precisam ser trabalhadas em sinergia, não esquecendo nunca da concentração.
Os tenistas podem ser uma grande inspiração para os vendedores porque eles não ganham o jogo por acaso. Eles possuem um saque bom, combinando o levantamento da bola (conhecido como toss), flexão de joelhos, posicionamento dos pés, ponto de impacto, terminação, entre outros fatores que geram um saque satisfatório. Os grandes tenistas também têm ótimas devoluções de saque, frequência e regularidade tanto nas bolas de direita como de esquerda, conhecidas como forehand (golpe de direita) e backhand (golpe de esquerda). Além disso, grandes tenistas têm ótimos voleios, golpes certeiros de smash, grande preparo físico e muita concentração.
Isso mostra que quando termina o jogo e o tenista sai de quadra com aquela raqueteira enorme com 5, 6, 8 raquetes nas costas com o jogo ganho, pode ter certeza que não foi obra do acaso. Foi obra da disciplina, foi resultado de treino, foi a soma de muitas técnicas. Da mesma forma, um vendedor de alta performance não pode depender apenas dos seus instintos, dos seus feelings, da sua experiência para ganhar uma venda. O tenista que ganha um jogo, precisa fazer tudo certo em outro jogo para ganhar novamente. Da mesma forma o vendedor. Experiência é importante. Mas, conhecimento e técnicas aplicadas com disciplina, são fatais para trazer resultados positivos. Não se pode ficar escravo da experiência, confiar nos resultados passados, esperar que tudo se resolva apenas com um nome bom no mercado. Cada jogo é um jogo. Cada negociação é uma negociação.
Gustavo Kuerten, grande nome brasileiro desse esporte, disse no seu livro “Guga Um Brasileiro”, que o tênis é um jogo de detalhes. Uma venda também é um jogo de detalhes. Envolve uma visita bem feita, com o levantamento das necessidades do cliente sendo feito de forma correta, uma solução ofertada coerente com a necessidade, além de ser criterioso na superação de objeções para poder conduzir o processo sem erros até o fechamento. Nos próximos artigos vou falar mais sobre tenistas. Vou falar mais sobre o Guga e seu livro. Vou falar mais sobre tudo o que cerca o jogo de tênis para que o resultado seja satisfatório. Existem muitos tenistas supersticiosos. Também existem muitos vendedores supersticiosos. Só que a semelhança não pode ficar aí. Os tenistas são jogadores de muita técnica. E eis uma semelhança indispensável para os homens de venda em relação aos grandes tenistas.
Autor: Gerson Christianini