A propaganda é de 20 anos atrás. Mas não podemos subestimá-la. A questão não é pontuar se é boa ou se seus aspectos são ruins. A questão é que na época existia “uma pedida”, uma cultura que merece ser respeitada. Percebe-se que há muito mais texto e muita “simplicidade” no uso das cores e do pano de fundo, em comparação com as propagandas atuais de carro.
Goste-se ou não, a propaganda da Suzuki chama a atenção. O carro é esportivo, tem uma cor atraente para quem gosta de esportivo e remete à famosa marca do cavalinho, mais conhecida como Ferrari. É importante frisar também o uso da rede semântica, a forte associação de pontos associativos que se popularizou na propaganda brasileira na década de 90.
O carro é descrito como rápido. A aceleração do carro é rápida (0 a 100 em apenas 9,5 segundos). A velocidade máxima do carro é detalhada. O modelo do carro, ao se comparar com a concorrência (GTi), é Swift GTi. Em inglês Swift significa rápido, imediato.
O título é persuasivo, é direto, é associativo e toca no cerne da emoção. “As melhores coisas da vida passam rápido. Muito rápido”. A frase cita uma expressão que se diz desde as rodinhas de bares até os eventos sociais mais requintados. O carro é rápido, e a vida passa rápido. O título em letras garrafais não fala do motor do carro e nem de diferenciais técnicos. Ele mexe com quem quer emoção, toca no coração daqueles que sabem que a vida está se esvaindo e que o carro servirá como um passaporte para o prazer da vida.
A primeira frase do texto do anúncio pergunta se a vida anda meio devagar. Há uma função apelativa, uma frase interrogativa que toca no ponto nevrálgico. Todo mundo se preocupa com a vida. Que o carro não é só sinônimo de utilidade já é consenso. O carro tem identidade, corpo, espírito, voz, sentimento. A publicidade faz isso para ele. Constrói essa personalidade. E o carro vai fazer a vida da pessoa muito melhor. Com o carro, se aproveita melhor as oportunidades. Dirigir o carro já não é uma opção: é uma experiência de vida.
Enfim, o emissor soube construir seu discurso para o receptor. Soube se diferenciar. A ênfase no rápido mostra que ao consumidor resta correr rapidamente para ter o prazer que ainda não tem, para usufruir da felicidade que lhe falta. Urge comprar o prazer. Urge comprar o Suzuki. A ênfase é uma ótima estratégia para todos que querem persuadir alguém. Porém, mais do que enfatizar, a Suzuki escolhe enfatizar o que era coerente com sua ideia: a rapidez da vida, a rapidez das coisas boas, a rapidez do Suzuki. Nada é por acaso leitor.
Autor: Gerson Christianini