Mesmo com o crescimento do uso de mídias sociais ganhando importância, ainda é fundamental se preocupar com a mensagem em si.
Gostaria de falar um pouco sobre o Marketing. Sobre o que observo e penso dessa disciplina que gera discípulos e inimigos. Cursei um MBA Executivo Internacional, assim intitulado porque a pós graduação que cursei na FGV me deu a oportunidade de participar de uma disciplina em Ohio, EUA. Foram algumas matérias no Brasil mais algumas aulas no exterior. Reflito sempre acerca do Marketing, o seu dinamismo, e a sua capacidade de se reinventar diante das mudanças culturais ocorridas no mundo.
Eu quero falar sobre o Marketing não apenas com a ótica de quem se especializou no assunto, mas quero abordar esse tema com menos sisudez e mais praticidade; menos pompa e mais autenticidade. Não quero trazer um viés acadêmico e nem forçosas explicações teóricas. A intenção não é tornar simplista, superficial e raso. É apenas falar baixinho e com o coração.
“Um grande profissional do Marketing não pode ser operacional: ele precisa buscar conhecimento na área de Neuromarketing, Big Data e Orçamentos Digitais.”
A primeira definição que escutei sobre Marketing foi que é “a disciplina que cria e satisfaz as necessidades sociais e pessoais”. Depois disso escutei muitas outras explicações e frases que tentam definir o que é essa matéria que gera amor e ódio entre as pessoas. Se você fala alguma coisa boa sobre você já está fazendo Marketing Pessoal; e, se fizer razoáveis elogios a você em sua rede social, capaz de as pessoas dizerem que você está fazendo Marketing Digital. Enfim: estamos cercados por essa ironia, esse entendimento do Marketing, que pra muitos maquia problemas, pra outros não diz a verdade, para outros dissimula, mas para muitos, serve para gerar consumo, melhorar a renda, criar emprego, trazer riqueza e espalhar felicidade.
Nas cadeiras da faculdade, com livros em mãos, tive que estudar o consumidor, o contexto em que ele está situado, suas preferências, experiências e sua cultura. Mais que isso: foi me mostrado o quão complexa e dinâmica é a cultura, e, portanto, é necessário um entendimento profundo sobre quem são os formadores de opinião, as referências atuais, as ideologias que estão em evidências.
“Não adianta as companhias contratarem um especialista em redes sociais para obter êxito em suas propagandas se não tiverem homens que pensem sobre as culturas atuais, que entendam as pessoas, que analisem e reflitam sobre as mudanças de comportamento.”
Tive de calcular preços, interpretar problemas matemáticos, ter contato com técnicas de gestão de equipes e ir pra linha de frente e fazer pesquisas com empresas reais. Os professores se esforçaram e trouxeram muitas informações atualizadas. Conversamos desde os homens mais ricos de mundo até teorias de administração mais antigas. Falamos sobre governos, esportes, viagens, carros. Enfim, tudo isso fez e faz parte do Marketing.
Eis uma matéria difícil de seguir padrões, de estipular regras a seguir. O Marketing é feito para as pessoas, e as pessoas mudam. Se as pessoas mudam, a cultura muda, a tecnologia muda e o profissional da área deve ser um eterno aprendiz; alguém capaz de reagir rápido em tempos tão voláteis. A definição que dei sobre Marketing pode ser uma das mais conhecidas. E, se o profissional deve criar e satisfazer necessidades, o Marketing tem seu lado engenheiro, arquiteto, administrador, vendedor, gestor. Ou seja, é uma disciplina multifacetada.
Quando alguém coloca uma faixa em frente ao estabelecimento, distribui um panfleto, paga um outdoor, contrata uma produtora pra fazer um vídeo, não deixa de investir em Marketing. Mas a grande diferença reside no fato de que as pessoas hoje têm um poder que nunca tiveram. Com uma câmera no pescoço, um celular no bolso e uma conta em uma rede social, é possível disseminar experiências com o produto ou serviço que as empresas oferecem, sejam elas boas ou ruins. Esses dias uma empresa do ramo de cerveja lançou uma campanha para o carnaval, em que falava “esqueci o não em casa”. Depois de uma repercussão negativa nas redes sociais, com consumidores que não gostaram da estratégia da marca por causa do período em que muitos esquecem o respeito também em casa, a cervejaria teve que recuar. Eis o poder mudando de mãos.
Se antigamente só existia o canetão e a lata de tinta, nos dias de hoje a mensagem pode ser passada através de um vídeo viral, por meio de uma foto, ou através de uma mensagem com 140 caracteres. O que importa não é o meio, a ferramenta: a importância continua sendo da mensagem.
Ser Marqueteiro hoje em dia não é sentar numa mesa e jogar xadrez. Consumidores não são torres, bispos, cavalos e rainhas. Hoje eles jogam em forma de igualdade. Participam da estratégia, porque são a própria estratégia. Se antigamente só existia o canetão e a lata de tinta, nos dias de hoje a mensagem pode ser passada através de um vídeo viral, por meio de uma foto, ou através de uma mensagem com 140 caracteres. O que importa não é o meio, a ferramenta: a importância continua sendo da mensagem. Portanto, cabe ao profissional da área saber usar todos os recursos e ter capacidade de mensurar o alcance e a eficiência de cada ferramenta.
Um grande profissional do Marketing não pode ser operacional: ele precisa buscar conhecimento na área de Neuromarketing (que é o entendimento da mente do consumidor diante de uma exposição insana de fotos e vídeos), Big Data (que é o grande armazenamento de dados digitais que a empresa precisa lidar, mensurar e refletir para tomar decisões corretas) e Orçamentos Digitais (já que não vamos ver o funeral da Mídia Tradicional).
O que vejo como diferente não é apenas a capacidade de resiliência do novo profissional. Mais ainda: o Marqueteiro atual não pode se engajar num projeto de vender produto ou serviço. As empresas não vendem só isso, e assimilar isso é fundamental. Muitas empresas ou ideias que vingaram foram aquelas que provocaram o engajamento e despertaram atitudes no consumidor. Um produto não é para sempre, e, se esse produto não fizer a vida de alguém melhor, o relacionamento com a marca vai ser igual à durabilidade do produto. Se o serviço prestado não for marcante e não desenvolver um espírito diferente em alguém, pode ser que não proporcione fidelidade.
Há 2 mil anos atrás, sem Facebook, Instagram, Pinterest, YouTube, Linkedin, entre muitas outras recursos, um homem nasceu em Belém e viveu apenas 33 anos. Perto de sua morte, ele fez o seu dever de casa: “Ide a todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura”. A forma usada era a comunicação verbal e teve seu efeito, porque a mensagem continua sendo o fator mais importante. Ele engajou as pessoas, desenvolveu atitudes, inspirou homens, gerou esperança e mudou a vida das pessoas.
As marcas devem fazer o mesmo. Não adianta as companhias contratarem um especialista em redes sociais para obter êxito em suas propagandas se não tiverem homens que pensem sobre as culturas atuais, que entendam as pessoas, que analisem e reflitam sobre as mudanças de comportamento. Não há nada mais eficiente do que tocar o coração de alguém. Independente da fé da pessoa, se é cristã ou não, é de se refletir que as ideias de Jesus atingiram em cheio a humanidade, se cristalizaram em culturas distintas e “fidelizaram” famílias de geração em geração. Porque o que ele tinha era a mensagem. E a mensagem, essa sim, é importante.
Autor: Gerson Christianini